sábado, 28 de janeiro de 2012

O Roteiro


Sempre gostei de viajar e considero esse gosto, uma herança familiar. Não me canso de contar que, nas viagens de carro que fazíamos na minha infância, tínhamos o hábito de ir acompanhando todo o trajeto nos mapas e guias, lendo o nome de cada riacho, o número de habitantes de cada cidade... Salve Guia Quatro Rodas. Antes mesmo dessa fase, de ler qualquer coisa, tivemos minha primeira aventura: descemos de carro (minha mãe grávida de 8 meses, meu pai, eu com 3 anos e um casal de amigos deles) acampando de João Monlevade/MG até o sul do Brasil!


Com o passar dos anos e a com a convivência com pessoas de interesse semelhante que me proporcionaram esse prazer, levando-me ou relatando-me histórias de viagem, além de uma inquietação que me move, o gosto pela estrada foi aumentado até chegar na vontade de volta ao mundo, o que me ocorreu no segundo semestre de 2011.

Eu já tinha ouvido falar sobre uma passagem aérea, não tão exorbitante assim, de volta ao mundo. Minha viagem começou de fato aí. Fiz algumas buscas no querido oráculo (Google - não consigo nem imaginar uma viagem dessas na era pré-internet) e encontrei 2 grupos de empresas que oferecem o bilhete: a One World e a Star Alliance. A partir daí, foi fácil decidir. A One World tem muito menos empresas associadas e o site da Star Alliance tem um programinha gostoso de brincar, no qual você escolhe a cidade e ele mostra de onde tem vôos a partir dali e se direto ou conexões, tudo num mapa interativo. Depois você escolhe a empresa aérea, o horário e ele ainda te dá uma previsão de preço (a round fare).


Pra quem se interessar, aí no fim da página vai o site. Ah, e três regras básicas do bilhete que fazem toda diferença: você tem o prazo de um ano pra voar, o limite de 39.000 milhas e só pode ir num sentido.




Tenho grande curiosidade por culturas diferentes, o que tem se transformado em uma atração pela Ásia. Como já estive na Europa algumas (apesar de poucas) vezes, pulei essa parte. Além do mais, a globalização homogeniza as culturas, o que pode diminuir um pouquinho o prazer das descobertas, o encantamento e trouxe as coisas americanas e européias bem pra próximo da gente.

Fui brincando com o programinha e isso durou várias semanas. Veio a dúvida: rodar para leste ou oeste? Muito fácil resolver! Quando comecei a compartilhar o sonho da viagem, Helenzita, com um grande sorriso e uns segundos de reflexão, soltou um "uai, Kk, eu acho que dá" e se prontificou a me acompanhar. Como ela queria muito o Marrocos e Turquia, mas só poderia viajar em março, fui para a esquerda mesmo.

Curiosidade: o fato de rodar para oeste faz com que se perca um dia do calendário, que no meu caso será o 13/02/2012. Um dia que nunca terei vivido. Estranho...

A princípio, eu iria para o México, passando, talvez, pela Bolívia para conhecer as fantásticas minas de sal (o Salar Uyuny). Devo confessar que amarelei: o Salar tem regiões de até 5.000m de altitude. Em locais tão altos assim, você pode ter o que eles chamam de Sorochi- mal da altitude. Os principais sintomas são náusea, vômitos, cansaço e dor de cabeça INTENSOS. Já tive isso numa versão light, em local muito mais baixo (Cusco/Peru - 3.399m), e não tenho a mínima intenção de passar por isso de novo, estando a sós.

Cuba, pela música e regime e governo e México, pelas história, pelas cores e pela comida, já seriam meu próximo roteiro internacional, caso eu não fosse fazer essa viagem tão grande.

Chile e Estados Unidos vieram por conveniência: vou passar por lugares muito frios (estou há aproximadamente um mês da Mongólia e está - 43oC lá hoje! Isso mesmo: NEGATIVOS!) e para isso, vou precisar de roupas especiais. No Brasil, por causa dos impostos, os agasalhos legais custam a partir de uns R$500,00. Procurei, então, outlets de marcas especializadas como a North Face e achei o de Santiago. Por isso, vou pra lá neste momento, de volta ao mundo, claro, além de ser um lugar lindo, encrustrado nas montanhas.

Passar pelos Estados Unidos, que não tem nada a ver com o resto da viagem e nada a ver comigo (ainda mais Los Angeles), foi quase um acidente de percurso. É que os vôos saídos da América para a Ásia que não são via Europa, fazem escala nos EUA ou no Canadá. O visto do Canadá demora uns 20 dias para ficar pronto. Uma eternidade! Além do mais, ia estourar a quantidade de milhas que vou voar: mais de 39.000! Vou ficar em LA um diazinho só e resolvi descer na cidade para não fazer um vôo de quase 36 horas ininterruptas. Passar em Los Angeles antes da Índia e China é quase como ir a um restaurante vegetariano de comida orgânica, mas antes comer umas fritas com queijo e bacon, de entrada. Há quem goste...

Os demais países, vou contando aos poucos, que este post já está rendendo demais!

Beijos
Beijos

Vou ali, que o mundo está chamando!

Kk

Ps: Ao escrever este post, fiquei pensando que talvez alguns achem fúteis ou bobos os motivos pelos quais escolhi alguns lugares. Mas pensei, também, que o desejo é algo tão particular, bem como o prazer e o que desperta tudo isso, que não tem problema - nem os meus motivos, nem a crítica a eles.

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