quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Kaka no Ashram e Hell no carnaval!


Eis, eis!
Antes de mais nada, não resisti ao título... 
Agora embarco, também, com destino ao mundo... No dia 15 a Kaka entrou no mundo de meditação do Ashram, 14 dias sem contato com o mundo exterior, entrando em comunhão com ela e com a natureza ao seu redor. 
Por aqui, no Brasil, eu aproveitei o carnaval em Salvador, com polícia! Me preparando para a viagem e também entrando em comunhão... kkk. Fazendo mais umas memórias...
Vistos (China e Mongólia), tirados com a ajuda da Mundial vistos, chegaram em BH no dia 17. As roupas estão compradas e testadas - realmente não venci após plantões de 18, 12 e 24 horas, os 3 com a mesma blusa! A mochila* foi testada, me acompanhou em Salvador.
Conteúdo da mochila, seguindo a linha light packing, será:
Higiene pessoal: tudo em frascos pequenos (<100mL), no ziploc e diferente da Kaka, tem batom!
Saco de dormir + 1 saco estanque (para as tecno coisas/eventualidades) + toalha absorvente
Roupas: 4 camisetas MC (2 tecno + 2comuns), 1 fleece ML, 1 camiseta ML
              1 conjunto calça e blusa segunda pele
              1 tênis para trecking impermeável, um mais leve e uma havaiana
              4 pares de meia + meia calça fio 80+ lingerie optei por microfibra, achei a outra desconfortável
              2 lenços (tanto para servirem de cachecol quanto para entrar nas mesquitas)
              1 gorro + as guantes doblas peruanas (em homenagem à Lidi e Pati... Lhaminhas)

Compras: calça para trecking + luvas e casaco que aguentem o frio da Mongólia (média de -8)

Se faltar alguma coisa, compro no mundo e se sobrar despacho pra casa!

Tecno coisas: Ipad + Iphone + câmera fotográfica

Trilha sonora daviagem:  Não me rendi, não consegui colocar Michel Teló. Mas tem muito Rock e até Axé!

Acabei de chegar de Salvador, um carnaval fenômeno, com amigos ótimos, o sol na medida certa e até  uma prainha...bem de leve. Afinal: “Eu fui atrás de um caminhão, fazer meu carnaval / e o carnaval é feito no coração...”Fico devendo a foto do carnaval.

*A mochila: fui menos impetuosa que a Kaka optei por uma própria para mochilar – caminho de peregrinos ou viagens médias, com barrigueira, faixa peitoral, ajuste das tiras e outras coisinhas... Sei que provavelmente terei que despachá-la, em alguns lugares, mas... Sempre há protecbag. Caso pensem em colocar cadeados lembrem-se tem que ser aquele TSA aproval (pq ou é esse ou é arrombado – deixar de olhar eles não deixam...)

Amanhã um plantãozinho e domingo o mundo!

Beijos e bem vindos a mais uma fase!
Cassinha simbora? Te encontro em GRU...
Ka sei q vc só vai ler mais tarde, mas saudade grande – não vejo a hora de te encontrar...
Lidi e Marina não vejo a hora de vcs chegarem...
André bem vindo à aventura!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Los Angeles, 12 de Fevereiro de 2012

Data estranha: 12/02/2012. Mais estranho ainda o fato de que nunca terei vivido a dia 13. É que viajo no sentido contrário da rotação da terra e cruzarei a linha mágica do tempo, a que faz mudar o dia. Assim, hoje (12/02) à noite saio de Los Angeles, voarei por 18:50 horas e chegarei dia 14/02 em Bangkok.

Vôo saindo de Cuba tranquilo, ainda mais na compania na minha nova amiga chinesa, Ângela. Acho que ainda não expliquei isto: o nome dela não é este, mas como ele é praticamente impronunciável pela gente, ela resolveu adotar um outro, ocidental.
Ainda no aeroporto do México, conhecemos mais uma chinesa que viria no mesmo vôo. Coisa chata: ela nos contou que o pessoal que revista os passageiros no check-in furtou dela uns U$ 100,00. Ela desconfiou, ficou brava e solicitou ao guarda que abrisse a mão! Ele abriu e o dinheiro estava lá (e foi devolvido).

Inicialmente, eu havia pensando em vir do aeroporto pro Hostel de shuttle (tipo uma van), mas Ângela sugeriu o metrô e caiu a minha ficha - está passando da hora de eu ser mais descolada! Fomos, erramos a linha, voltamos pra certa de novo e tudo bem.
Cheguei ao Hostel e logo na esquina um cara veio oferecer drogas. Não demos bola e tudo certo. O Hostel é extremamente organizado e o mais regrado de todos. Não se pode entrar nem com o próprio saco de dormir! O único alimento permitido fora da cozinha é água e o checkout é as 10:00. O lugar é limpo (US Hostel Hollywood) e é muito bem localizado também: da janela do banheiro dá para ver o famoso letreiro da cidade e estou a 3 quarteirões do local onde acontece o Oscar. Pena que o local é limpo, mas as queridas colegas de quarto... Nunca vi tanta bagunça junta e sujeira idem! Foi aí que entendi a coisa do excesso de regras...

Um parênteses: a Ângela veio parar aqui porque está em conexão para Pequim. Como o intervalo entre os vôos era grande, resolveu dar uma volta na cidade.

Los Angeles é assim (leia-se os 7 ou 8 quarteirões de Hollywood que passei e também não vou conhecer nada além disso): pense num lugar artificial, com museus de coisas artificiais (tipo de cera), lojas de coisas artificias (figurinos), pessoas artificiais (gente fantasiada de personagens de filmes, às vezes com roupas rasgadas e pedindo alguns dólares para ser fotografada). Intercale aí algumas boutiques, teatros, cinema, muitos turistas e - você está em Los Angeles! Claro, tem praia, parece ter restaurantes bons e gente muito rica. Mas, na minha ignorância, não acredito que vá muito além disso.

Eu tinha um city tour reservado para hoje. Mandei um email ontem para confirmar mas, parece ter havido algum problema. Resolvi não contratar nenhum outro e ficar por aqui mesmo. Resolvendo coisas do resto da viagem.

Aliás, hoje tive plena consciência do meu grau de ansiedade: acordei às 05:00 e fiquei pensando nas coisas a fazer. Definitivamente preciso menos stress e mais desenvoltura. Talvez, jogar-me numa próxima volta ao mundo sem nenhuma reserva feita... tudo em aberto... Talvez assim, com essa terapia de choque, eu melhore. O pior é que sou meio perdida para algumas coisas: do tipo que põe a chave no bolso e não acha nunca mais! Ainda bem que a bagagem é pequena! Por enquanto, tratamento para ansiedade: escrever. Eu sempre fiz isso mas, geralmente, em verso. Hoje, resolvi sublimar (ou ignorar mesmo) um pouco as coisas a resolver e fiquei aqui escrevendo. Descobri outro remédio ótimo para minha ansiedade! Ter alguém rindo deliciosamente dela! ;-) Funcionou!

Talvez alguém fique aí pensando: Los Angeles e ela pensando nos próximos lugares ou gastando tempo na internet! Bom de férias é isso, né? A gente pode fazer o que quiser e isso inclui não fazer nada nem passear! :-)

Provavelmente volto a postar daqui uns 15 dias: é que vou à noite para Bangkok (Thailândia), passo só o dia lá, sem necessidade de hospedagem. Vou pra Delhi (Índia), passo a noite no aeroporto e vou de manhã, no dia 15/02, para o retiro no interior da Índia. Lá serão 15 dias sem comunicação!

Beijos, que não sejam de cinema!
Ah, e bom Carnaval para quem é de Carnaval!

Fotos (o blogger muda a ordem das fotos):
. Prédio verde com toldos: Hostel. A outra foto interna também!
. Museu do Guinness (dos recordes)
. Loja da Hollywood Boulevard.

Feira de livros de Havana

Esqueci da foto da feira de livros.

Aeroporto Benito Juarez, Cidade do México, 11 de Fevereiro de 2012

Mais um vôo. Mais país. USA: Los Angeles, aí vamos nós! Com uma certa preguiça, é verdade, mas vamos. É que a filosofia da cidade não me agrada muito... Nem fiz meu dever de casa direito: não li sobre a cidade, não pesquisei sobre as atrações. O Hostel está reservado e fica pertinho da calçada da fama. Reservei um city tour para amanhã de dia (parto à noite para Bangkok) e nada mais.

Ponto para a mochila: continua viajando na bagagem de mão. Desta vez, apenas 7.9kg, sem o saco de dormir (que acrescentaria mais 980g). Estou começando a achar que, realmente, estou conseguindo uma façanha em carregar apenas isso. Em todos os lugares, as meninas ficam admiradas com o tamanho da mochila. Quero ver se vai continuar dando certo no frio. Até agora, o pior que peguei foi um pouquinho abaixo de 10oC, mais chuva, aqui. Aliás, um item que eu já estava considerando inútil facilitou bem a minha vida: a capa de chuva.

O dia ontem na Cidade do México não poderia ser melhor. Logo cedo, chegou minha nova colega de quarto: uma chinesa de Beijing - Ângela*. Beijing é um dos próximos destinos! Acabamos nos juntando a um free walking tour (tour gratuito a pé) pela vizinhança e foi ótimo, apesar da chuva e frio. Fomos à Catedral e ao Palácio do Governo, onde há fantásticas pinturas de Diego Rivera. Impressionante tudo: o tamanho, a riqueza de detalhes, a importância histórica! Eu e Ângela acabamos almoçando juntas numa casa de tacos que a nossa guia nos recomendou. Achamos mais ou menos, mas o meu almoço teve um plus: insetos crocantes que a minha nova amiga trouxe de uma cidade do interior - Oaxaca. Eu experimentei, mas só tem gosto de tempero, nada mais. Não é tão nojento.

À tarde, fizemos outro walking tour. O planejado era irmos para o parque Chalpultec e para o famoso Museu de Arqueologia que fica lá. Minha amiga ponderou que teríamos muito pouco tempo para o museu e que preferia uma visita a um mercado que vende coisas para feitiços, o Mercado Sonora. Não poderia ter sido melhor! O guia (Gibran) acabou nos levando a todos os mercados importantes da região: dezenas de quarteirões que vendem roupas baratas, como há em Belo Horizonte e em São Paulo, mas nas proporções desta cidade. Vimos, na seguência, intermináveis lojinhas de doces. Havia, pelo menos, uns 5 quarteirões enormes. Em cada quarteirão, as lojinhas e bancas da frente davam passagem para intermináveis labirintos de cheiros e cores. Experimentamos doces. Não sei como descrever o resto... talvez tudo se resuma a México de verdade. Sem turistas além de nós. Passamos, também, pela zona boêmia da cidade e nosso guia explicou-nos como funciona esse comércio. Uma fileira enorme de homens ficam de pé, à frente de pequenas espeluncas. Escolhem a mulher que querem e a coisa acontece meio no olhar. Ele a segue e não trocam uma palavra o qualquer outro tipo de contato até entrarem no quarto. O preço do programa é, aproximadamente, 200,00 pesos mexicanos. É o equivalente a R$26,00. Acabamos jantando com Gibran num restaurante local. Comida estranha, mas uma delícia: a bebida era doce, feita de água, açúcar, côco e leite e, apesar de não parecer, combinou perfeitamente com a sopa de milho, frango, alface (eu acho), rabanete e muita muita muita muita muita muita muita muita pimenta.

Essa Cidade do México que se apresentou, com transeuntes imersos em seu trabalho, com sorrisos gentis e olhas curiosos para a minha aparência um pouco distoante dos demais, esse mundo no qual adentrei as entranhas e fui por elas envolvida calorosamente, senti o cheiro e o gosto no último dia, foi exatamente a mesma que me pareceu um animal hostil pronto para me agredir. Atravessando a rua, reconheci o mesmo trecho que eu havia filmado chegando do aeroporto e que postei no YouTube, mas tudo tinha, agora, outra aparência.

Noite tranqüila, eu estava pronta para partir. E, ao final, todos os defeitos do Hostel: ruído, cheiro, aparência, não fizeram a menor diferença.

Beijos,

Kk

Dica do dia:
Estive apenas em 2 hostels, mas parece ser comum a todos eles oferecerem um ou mais free walking tours. Parece ser uma boa pedida: não custa nada, você fica conhecendo o lugar, o guia, colegas do Hostel e ainda pode combinar com eles algum outro programa. Bom, especialmente, para o primeiro dia na cidade.

Sobre a foto da pintura, a mais de perto: não conheço quase nada sobre pinturas, mas eu sabia um pouco sobre Diego Rivera e gostava por causa de Frida Kahlo, pintora que gosto e que foi esposa dele, mas passei a gostar mais ainda dele e a ter grande interesse depois da informação da guia sobre esta pintura. O moço meio cinza, ao centro, é Hernán Cortés. Como Rivera não gostava dele, pintou-o assim, com seqüelas de sífilis!
Acho que preciso mais mil anos após esta volta ao mundo para ler e aprender e me jogar em todos os novos interesses que estão brotando em mim!

Cidade do México, 10 de fevereiro, 2012

Foi com muito pesar que me despedi de Havana ontem... Lugar incrível! Como o meu vôo era às 14:00, aproveitei para dar uma última volta pela cidade e para curtir umas atrações "menores". Sim, menores entre aspas porque ninguém dá muita bola para elas e estão entre os top 10 de Havana, na minha opinião.

Comecei pela Casa de Poesia, que nem no guia está. É uma pequena biblioteca especializada nesse gênero. Linda, tudo antigo. Pedi à bibliotecária que me dissesse quem era o poeta mais famoso de Cuba e que me mostrasse um livro dele. Ela me sugeriu Nicolás Guillén. Deixei-me perder um pouco nas páginas amarelas da antologia dele. Para minha surpresa, havia no livro alguns poemas sobre o Brasil. Um deles vai de presente, abaixo.
Outra delícia que conheci na Casa de Poesia e com quem fiquei flertando foi Eusébio Leal Spengler. O livro se chama Para no Olvidar (para não duvidar) e conta a história da restauração do centro histórico de Havana, com fotos lindíssimas. Eu quis, de verdade, que meu relacionamento com ele fosse duradouro, que não fosse apenas uma "ficada" de biblioteca. Como eu tinha tempo, procurei por ele nas livrarias e museus mas, o "libro premero", que me interessou, estava esgotado. Como o livro é da editora estatal, todos me disseram que dificilmente conseguirei comprá-lo fora de Cuba. De qualquer forma, sou passional mesmo e não costumo desistir fácil! ;-) Quem conhece, sabe. Nessa minha peregrinação pelo mundo literário, acabei tropeçando na feira de livros da Plaza deArmas. Ótimo lugar para gastar pesos conversibiles. Não comprei nada - fui fiel ao Spengler e ainda espero encontrá-lo.

Outros achados foram a Fototeca, que fica na Plaza Vejia. Entrada franca, tem exposição fotográfica de autores mais contemporâneos e algumas instalações. Como não sei nomear os estilos, descreverei. Por exemplo, em uma das exposições o artista diz trazer para as imagens, coisas no seu universo pessoal, que descobriu no ambiente psicanalítico. Há fotos como ele nu em meio a porcos. Do segundo andar da Fototeca tem-se, ainda, uma visão privilegiada da praça.

Ao lado da Fototeca, encontra-se a Câmara Obscura. É um observatório no alto de um prédio de 8 andares. Foi de lá que fiz a foto do post anterior (o skyline de Havana). A câmara, propriamente dita, é uma sala escura que se baseia em uma engenhoca de da Vinci. Algo como um periscópio que projeta as imagens em uma concavidade branca. Nela, temos a visão em tempo real de vários pontos da cidade, como se a estivéssemos sobrevoando.

Juntei minhas coisas e voltei pro México. Claro que não resisti e fui tomar refrigerante Cubano (péssimo) no aeroporto e fui ao free shop! Sim! Sim! Há free shop lá! Ele tem, basicamente, chocolate, rum, charutos e alguns produtos de perfumaria (tipo sabonete que a gente compra em supermercado no Brasil e shampoo Seda). Rogélio, até lembrei de você, mesmo, quando vi os charutos. E, Vivi, não gosto de Mojito! :-P

É muito confortável e me traz uma sensação de segurança já conhecer algum lugar, nem que seja um pouquinho. Assim, a minha segunda chegada à Cidade do México foi livre das sensações negativas da primeira. Quando cheguei, já estava anoitecendo. Deixei minhas coisas no Hostel (desta vez tinha cama embaixo da beliche e somos só duas meninas, apesar do quarto para quatro) e dei uma volta na Praça e no Centro de Artesanias (artesanato) - legal, mas pequeno. Acabei comendo no Hostel mesmo e pondo os telefonemas, emails, posts em dia.

Dormi bem. Eram sete e pouco da manhã quando escrevi isto. Estava fazendo hora no quarto (o café começa às 08:00). O cheiro de bife estava demais! Argh!!! Ainda mais que desta vez eu estava num quarto dois andares mais baixo que o anterior...


Dicas de hoje:
- Casa de Poesia: fica quase na esquina da Plaza Vieja, atrás do Convento Santa Brígida.
- Para ler:
. Para no olvidar, Eusebio Leal Spengler, Libro Primero. Preço em Cuba (se não estivesse esgotado). 50,00CUC
. Autor de poesia famoso em Cuba: Nicolás Guillén. O poema q copiei é do livro La Paloma de Vuelo Popular, 1958

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ai mi Cuba!

Havana, 08 de Fevereiro de 2012

Escrita em dia, mas posts atrasados por problemas internéticos.

Viajar a Cuba é entrar numa máquina do tempo. Começando pelo aeroporto que só vendo mesmo para entender... A coisa mais moderna nele era uma câmerazinha parecida com essas de computador, com a qual se é fotografado na imigração. E o que chama atenção, logo de cara, é a grande força de trabalho feminina: na imigração, as policiais, as vendedoras, todas mulheres. Só não vi nenhuma dirigindo táxi. Elas são altas, bonitas, a maioria com arranjos nos cabelos e saias bem curtas e justas (inclusive os uniformes, curtíssimos, com meias- calças pretas do tipo arrastão). Na casa de câmbio, o dinheiro fica guardado numa caixinha de papelão cortada ao meio.

Os prédios são de um design de mil novecentos e vovó nem era criança, assim como os carros. Todos os muros e outdoors são de propagandas socialistas.

Fiquei hospedada na parte mais turística, Habana Vejia, e, para chegar até lá, passei pela Havana real. Explico: a parte histórica foi considerada, pela ONU, patrimônio da humanidade. Com isso, está toda reformada, colorida, limpa. Parece a Rua das Pedras de Búzios/RJ, sem as boutiques. Sim, com a mesma sofisticação dos restaurantes. Há praças impecáveis e toda uma arquitetura européia de diferentes estilos. Em contigüidade, regiões como Centro Habana e Vedado, parecem Europa pós guerra. Prédios de uma arquitetura linda, mas todos decadentes, sem cor, muito sujos, em decomposição. Um calçamento irregular e, ocasionalmente, uma ou outra portinha por onde se deixam perceber a morada de algum habaneiro (morador de Havana), alguma coisa do governo (escola, secretaria, etc) ou alguma tienda (loja) onde os cubanos podem comprar com a moeda deles (moneda nacional), que é diferente da turística (pesos conversíveis ou CUC). As tiendas são assustadoras: não há quase nada nas prateleiras, nem em quantidade nem em variedade.
Apesar da miséria, pode-se andar tranqüilamente pelas ruas. O maior "perigo" é ouvir assobios ou "bonita". Aliás, isso acontece o tempo todo, com TODAS as mulheres. Mas se você não der bola ou fizer uma cara de que só entende uma língua de outro planeta, os cubanos desistirão de te assediar.

Estou num convento, o Santa Brígida*, que foi recomendação de um blog. A hospedagem foi como ganhar na loteria. Bem mais barata que os hotéis e mais certa que as casas particulares - casa de moradores do governo que tem autorização para alugar quartos (vários blogs falam que você só consegue reserva nelas por telefone e, não raro, quando chega, ninguém nunca ouviu falar de você e não há vagas), o convento fica no coração da parte turística. Engraçado foi que parei no convento errado. O Lonely Planet fala do convento Santa Clara e, quando tomei o táxi no aeroporto, nem pensei! Falei para tocar pra lá. O convento errado fica na parte não maquiada deHavana e, ao chegar, a atendente disse não haver reserva em meu nome. Pensei - até no convento? Pensei que isso era coisa das casas... A minha sorte é que o convento certo ficava perto. Apesar do aspecto das ruas, senti-me segura em ir a pé (como o Lonely Planet disse...). Aliás, estou com um hábito talvez não bom de acreditar em tudo que leio. Minha hospedagem é limpa, novinha, espaçosa, confortável, tem ar, TV, frigobar, tudo! Um verdadeiro luxo. Aproveitei para lavar as roupas no segundo dia... Uma hora isso ia ter que acontecer.

No primeiro dia, deixei-me perambular pelas ruas, deslumbrada com as cores ou com a falta delas, com tudo! No segundo, fiz um walking tour mais planejado pelos lugares que me interessavam mais. Claro que, mesmo já sabendo, fui cercada por um cubano que se dizia professor de música e que ficou querendo me falar sobre pontos turísticos do quarteirão que estávamos. Comecei a rir de mim mesma, internamente, e custei a me desvencilhar dele. É claro que ele pediu dinheiro, ao final. A situação de miséria aqui é impressionante e eu cedi, com o valor sugerido nos blogs/ guias da cidade. Entretanto, meu amigo cubano, esperto, pediu-me uma ajuda 10 vezes maior, "para comprar leite". Acontece quer o valor que ele pediu dá para um jantar com bebida incluída nos restaurantes mais caros aqui ou paga um tour de umas 4 horas a pé com guia oficial! Não são só os brasileiros, os espertos. Talvez seja pela sobrevivência... Não me aborreci (mas também não dei nenhum centavo além do que tinha dado inicialmente).

Andei demais e como continuo dormindo muito irregularmente, estou cansada e vim por volta das 15:00 para o convento. Acho que vou ficar por aqui... Ah, e aproveitei e fiz uma coisa que não é do meu hábito: vi TV. Engraçadíssimo! Há umas coisas do tipo: o preço dos salões de beleza está subindo, então há uma "notícia" no telejornal sobre isso: diz que faltam matérias primas como shampoo, que a culpa é do embargo americano ("um genocídio") e que os cabeleireiros não devem ser gananciosos. Falou-se de barbearias que atendem gratuitamente crianças e idosos e foi dito que isso deveria ser feito por todos, já que o corte de cabelo faz parte da saúde e da higiene. Tem passado muito uma notícia sobre a greve da Bahia. Não sei ao certo o que está acontecendo, mas mostram cenas de protesto, de militares armados e de lojas fechadas por medo de assalto e dizem que o Carnaval está ameaçado!

O que visitei, até agora: Malecon (um calçadão), diversas praças e igrejas, o Museo de Bellas Artes (ótimo para ter uma visão cronológica da situação local, já que é dividido por datas). Sempre fui ignorante em história e política e, pela primeira vez, queria ser diferente, saber mais... Acho que se eu fosse ensinar história a alguém, começaria através de guias turísticos ou coisas sobre viagens... Começaria de trás para frente: mostaria como é hoje para despertar a curiosidade pelo passado. Vi, ainda, o Capitólio, o restaurante Floridita, La Bodeguita del Médio, Hotel Dois Mundos (esses três, do universo de Ernest Heminghway) e almocei no Café Paris ouvindo música ao vivo. Pretendo ir amanhã ao Museu da Poesia, um pequeno vizinho meu. Não tomei - e acho que não vou (não gosto) - daiquiri e rum, pérolas da ilha do Comandante (como é carinhosamente chamado Fidel).
Alguns dizem que não há muito para ver em Havana. Eu acho que a cidade merece, pelo menos, uns 21 dias de visita! E o espanhol que eles falam... simplesmente no intiendo!

Acho que os queridos André Amparo, Solange, Tavinho e Felipe Simil iriam amar conhecer este lugar.

E é isso! Ah, e o esporte querido aqui é o baseball!!!

Beijos socialistas!

Kk

* reservas para o convento podem ser feitas por email, que parece que vai para a cede da ordem (acho que na Itália). O site e o email não são fáceis de achar na internet. Então, aí vai:
http://www.brigidine.org/81/121/Cuba.html

Engraçado é que se você escolher visualizar o site em inglês, o convento de Havana não vai aparecer. Então, visualize em espanhol mas pode mandar o email em inglês mesmo.

Legendas das fotos (o blogger muda a ordem!!!):
. Restaurante Imprensa
. Quem nunca esteve na nesta famosa rua? :-) Eu só não sabia que era cubana...
. Convento Santa Brígida
. Skyline de Havana
. Dispensa comentários

Post atrasado...

Aeroporto Benito Juarez, Cidade do México, 07 de fevereiro, 2012

Queridos,


Bem que o Lonely Planet falou que este aeroporto é um dos maiores do mundo! O terminal que se chega do Brasil não tem nada demais, além de intermináveis e labirínticos corredores. Mas este aqui, o 2, é muito bonito, cheio de lojas, restaurantes, exposições, telões de led por todos os lados. Muito organizado e limpo. Acho que é o maior que já estive.
Aproveitei e tomei um café da manhã mexicano, para compensar o péssimo do Hostel.


Estarei offline* pelos próximos 3 dias - me voy a Cuba.


Já ia me esquecendo... Outra coisa que tem me chamado atenção há algum tempo, mesmo antes desta viagem, é que não vejo mulheres brasileiras viajando sozinhas. Aliás, nunca vi. Mesmo no Brasil, com certa freqüência encontramos mulheres jovens dando umas voltas sem mais ninguém. Por que será? Álguém aí conhece muita brasileira assim? Eu conheço a Clarissa e a Vivi (que viaja a trabalho, de turismo não sei se costumar ir sozinha) !! :-)

Beijos!

* já fui e já voltei!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

México: a segunda impressão

Cidade do México, 07 de fevereiro, 2012


Ainda bem que a primeira impressão só fica para aqueles que não tem a mente aberta ou não são capazes de reconsiderar o seu ponto de vista o que, definitivamente, não é o meu caso.

Quem leu o post anterior, sabe que não consegui dormir. Bom, assim que deu uma hora razoável no relógio, algo tipo umas 07:00 da manhã, levantei e fui dar uma volta no Hostel. Foi super chato porque tive a impressão de que o menor barulho dos meus movimentos estava incomodando as minhas colegas de quarto australianas. Nem troquei de roupa direito, para incomodar menos. Saí de chinelo mesmo e com a blusinha fina que eu estava. Para piorar a noite mal dormida, a internet do Hostel não estava funcionando (motivo pelo qual os posts estarem atrasados, além de eu ter ido a Cuba).

Aproveitei e encarei a praça Zócalo, deserta a essa hora, bem diferente da minha primeira visão, em hora festiva de fim-de-semana. Com a parte mais neurótica do cérebro meio congelada (estava uns 10oC e eu de chinelos e sem agasalho), pude apreciar o lindo lugar, as ruas adjacentes, um pedaço das ruínas do Templo Mayor e a Catedral, inclusive em seu interior. Realmente, a minha localização era privilegiada. Duas coisas tem me impressionado aqui: a religiosidade** dos mexicanos (apaixonados, inclusive, pelo Papa João Paulo II) e a crueldade da colonização, inclusive a ignorância dos colonizadores. Muitas igrejas foram construídas em cima de locais sagrados para os Aztecas que até utilizaram pedras das construções anteriores para isso. Pouco ou nada foi incorporado da grande ciência e tecnologia que havia antes da dominação espanhola.

Eu já estava um pouco mais confortável com a cidade mas, mesmo assim, resolvi deixar para andar de metrô e circular a grandes distâncias depois da visita a Cuba. Acabei me juntando a uma pequena excursão do Hostel para as pirâmides de Tenotihuacan. Não é a forma mais barata mas, não tenho dúvidas, foi a melhor. A turma era bem animada e formada pela guia e motorista mexicanos, eu, um alemão, 3 suecas, 5 argentinas, um casal de israelenses, uma mexicana e um canadense. A viagem de 50km impressiona porque mostra as reais proporções da Cidade do México. A periferia parece não ter fim e lembra muito os aglomerados brasileiros. As pirâmides são lindas e sensação de estar sentada ali, vendo aquilo tudo, o sol, a vida, é indescritível!

Ah! E os quebra-molas se chamam vibradores. :-P

Uma coisa que devemos ter em mente sempre que fazemos essas excursões são as pegadinhas de turistas. Em todo o lugar há! Já passei por isso na Índia, no Perú e, agora, aqui. Funciona assim: o guia, sempre muito simpático, diz que após ou no meio da excursão a gente vai ser levado a uma "fábrica" ou algum lugar onde ponderemos ver a legítima produção de alguma coisa do país. Claro, há a encenação da produção (de seda, de tintura de tecidos, etc.) com uma recepção muito cordial pelo proprietário ou um gerente do estabelecimento. Esses caras, invariavelmente, são poliglotas. Encontrei, até na Índia, loja com gente que fala português. Depois da "apresentação", servem um drink, alcoólico ou não. Nesta do México serviram licor, tequila e mezcal. Tudo "de graça"! A real intenção? Aí você é encaminhado para a grande loja que fica junto. Lá você vai encontrar a maioria das coisas regionais para comprar. Os guias da excursão costumam receber comissão sobre as vendas. Em locais mais perigosos ou de mais difícil comunicação, isso facilita muito a vida do turista que quer comprar. O problema é que os produtos são mais caros do que na rua ou nas lojinhas mesmo e são um pseudo-artesanato - grande parte é industrializada. Fique atento e lembre-se que o gentil proprietário que te recebeu falando português vai usar isso para te vender e compreende o que você fala sobre os preços e sobre os produtos!

Na volta do passeio, pusemos para tocar música de todos os países na van. Cada um escolhia uma música do seu smartphone e a gente punha no rádio. É óbvio que as meninas dos outros países queriam que eu pusesse Michel Teló e ficaram cantando "ai se eu te pego" em português. Também é óbvio que eu não tinha isso no meu celular mas, pelo visto, vou ter que providenciar.

À noite, saí para jantar no delicioso Café de Tacuba, um casarão antigo, animado, com comida deliciosa e boa música.

Foi um dia delicioso e penso que me gusta el México.

Ah, e estou aprendendo a me virar em espanhol...

** as fotos dos cadeadinhos são da Catedral da Praça Zócalo. As pessoas deixam isso na igreja com pedidos ou agradecimentos para San Ramon Nonato.

Pus, ainda, a foto da janela do meu quarto no Hostel do México, que fiquei devendo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

México: a primeira impressão

Cidade do México, 05 de fevereiro, 2012

¡Hola!

Buenos días!

Primeiro dia no México, primeira noite maldormida. Tenho insônia e intercalo semanas mal dormidas com semanas morrendo de sono o dia inteiro. Não foi o caso esta noite. Agora, enquanto escrevo este post, são 04:50 aqui (4 a menos que aí) e o problema desta vez é que meu relógio biológico é britânico. Aconteça o que acontecer, acordo 5 horas depois que dormi. Como meu dia ontem foi longo (acordei às 05:00) tive sete horas de vôo e cheguei aqui às 15:00*, ainda tive muito tempo para andar. Além disso, os aviões da TAM estão encolhendo e eu, que nem sou grande (1.64m) tive muita dificuldade de distribuir meu corpo no microespaço que me cabia e também mal dormi. Enfim, eram 20:00Mex e estava exausta e fui dormir. Faça a conta: 01:00Mex, olha eu acordada. Até tentei dormir de novo, mas aí a roupa incomoda, a temperatura do ambiente, a cama, tudo. E, quando consigo dormir, é péssimo: um monte de pesadelo! Desta vez foi com o Quark. Sonhei que ele tinha um escritório meio estranho em um terreno baldio e que era uma cama cercada de papelão. Não lembro o motivo, mas eu e André Amparo entramos lá e os papelões caíram. Tinha gatinhos mortos pelo chão :( e a gente tinha que resolver a data de uma festa e a coisa estava meio enrolada. Estranho!!!

Você deve estar aí pensando: era muito simples evitar esse problema! Bastava sair à noite, mesmo cansada. Afinal, serão só 4 dias para aproveitar o México. Eu também pensei nisso. Acontece que, definitivamente, não me senti confortável para fazê-lo sozinha esta noite.

Os guias turísticos alertam para muitas coisas aqui na Cidade do México e, segundo um site fantástico do governo australiano sobre alertas de viagem, é necessário High Degree of Attention! A classificaçāo deles vai de "tome os cuidados habituais" a "não vá de jeito nenhum". Aqui está numa das classificações bem altas de periculosidade. "Só" por isso não saí a noite. Todos os guias orientam para perigo de assalto e falam sobre a alta drogadição. Em alguns horários e rotas, há vagões de metrô e ônibus coletivos exclusivos para as "damas". Por bom motivo não é... Aconselham, ainda, não tomar táxi de rua em hipótese alguma. Sempre pedir, por telefone, de alguma empresa conhecida ou solicitar que o hotel/ restaurante o faça por você.

Fiquei com hipoatividade temporária do espírito aventureiro! :-)
Estava muito frio (10oC) e chuvoso na saída do aeroporto. Tomei um táxi oficial e o cara que organiza a fila já queria gorjeta (propina ou tip). Fingi que não entendi e entrei no táxi. Não vou usar nenhum adjetivo, só descrever a cena. Imagina o centro de Belo Horizonte, ali perto da rua Carijós há uns 05 anos atrás. Agora põe todos os ambulantes do shopping Oi na rua e lixo no chão. Agora aumenta isso para ficar na proporção de uma cidade mais ou menos OITO VEZES maior que BH. Foi esse o cenário que me recebeu. Mudou um pouquinho para uma avenida larga, com prédios europeizados, já chegando no Hostel Catedral. No táxi, havia uma revista e a propaganda da capa era: abandone as drogas e a cocaína sem o inferno da abstinência! Dr. Fulano.

O taxista elogiou meu nome algumas vezes. Disse não haver Karine por aqui e sim Karina.
Estou começando a aprender espanhol, mas quando eles engatam a quinta marcha, definitivamente, não dá. Aconselhou-me não tomar táxi na rua e me deu seu cartão - e ficou encostando sua mão na minha de um jeito estranho. Quase ao fim da corrida, falou alguma coisa que me pareceu estar me convidando para beber cerveja, caso ele não estivesse trabalhando. Exercitei, mais uma vez, a arte de encenar. Fingi que não entendi ou que não ouvi e tudo certo.

A essa altura, eu já estava com super-neurose até o último fio de cabelo. Aliás, talvez eu já tenha descido aqui com ela e esteja vendo a cidade através dessas lentes muito deformadas. Foi pensando nisso que cheguei ao Hostel, deixei as malas e fui dar uma volta - só na vizinhança. O Hostel não é muito simpático. Tem um restaurante que parece meio sujinho no hall e cheira comida o dia inteiro, além do barulho da TV. Na foto você vai entender o motivo. O quarto é pequeno e a cama balança, mas ok. O banheiro é bom e limpo. A localização é perfeita. Na esquina da Catedral, no Centro Histórico. No Hostel e no entorno da praça há cartazes de um cara de 25anos, com cara de estrangeiro, desaparecido.

Segunda é feriado aqui - Dia da Constituição. A praça e a catedral estavam lotadas. Aos poucos, a minha neurose diminuiu e só sobrou aquele tantinho natural, necessário. No entorno da igreja, que foi construída em cima de um templo e de um local sagrado para os Astecas :""-( havia muita gente. Vários mexicanos recebendo algo parecido com passe, feito com ervas, orações e incensos. Os curandeiros vestem-se de roupas de penas, com chocalho nos tornozelos e com uns adereços de caveiras. As plaquinhas dizem "limpieza Azteca".

A comida das barraquinhas é muito vistosa e diferente de tudo que já vi. Tudo tem muita cor. Desta vez, não vai dar para resistir ao artesanato.

Sentei em um restaurante/casa de tequilas num casarão muito bonito, com vitrais, terraço e vista privilegiada da praça: Casa de las Sirenas. Comi tortillas macias (tacos, né, Dé? -aos pouquinhos aprendo ;-)) de camarão, tomei tequila (servida com uma dose de suco de tomate - irgh - para acompanhar) e pedi um suco de toranja e tinha gosto de laranja estragada (grapefruit, acho que não tem no Brasil)! A tequila estava uma delícia e não desce ardendo, como as que tomei antes.

Estou pensando em ir hoje às pirâmides numa excursão daqui do Hostel mesmo. Amanhã vou a Cuba e volto na quinta. Acho que já estarei mais confortável para rodar a cidade.

Estou feliz por ter amigos me acompanhando através do blog/facebook.
Ahhh e fiquei me divertindo tanto aqui no iPad que o dia já vai começar: 06:20Mex.

Mãe mais pai, não se preocupem demais! Não sou tão doida quanto parece! :-)
Amo vocês!

Besos apimentados!
Depois posto as fotos do Hostel.

Kk

*Para essa coisa de hora não ficar muito confusa, vou fazer parecido com o que a gente faz para denominar dinheiro: se for hora do México - Mex e, do Brasil - BR.

Site do governo australiano sobre segurança em viagens. Nele você pode criar uma conta gratuita e receber atualizações como, por exemplo, do último atentado terrorista ou terremoto :-P (acontece, ué) do país que você pretende ir.
http://www.smartraveller.gov.au

Do Chile ao México, com paradinha no Brasil

postagem atrasada porque fiquei sen internet aqui.

São Paulo, 05 de Fevereiro, 2012
¡Holas!

Fim do Chile, fiz uma paradinha em SP antes de continuar a viagem.

Como já era esperado, com as compras de roupa de frio do Chile (2 calças e uma blusa de segunda pele* - que também servirão de calça e blusa sem nada por cima; um casaco de frio - que vai sempre na mão para não pesar a mochila - e uma calça dessas que as pernas saem/ vira bermuda) a mochila, que já estava com peso no limite, ficou mais pesada. Solução? Joguei fora um hidratante que não estava hidratando nada e despachei de volta para o Brasil, pelos correios, o pijama e a blusa de moletom vermelhinha com a qual fiz a primeira viagem (preço do correio: mais ou menos R$28,00). Foi nesta hora que tive certeza da cordialidade dos chilenos: para despachar a minha roupa, eu só tinha uma sacola de plástico e a atendente do correio disse que não podia ser assim, mesmo eu querendo enrolar fita por fora e dizendo que não ter problema se danificasse. Acabei arrumando uma caixa bem grande para o meu pequeno conteúdo numa farmácia das redondezas. A moça dos correios fez uma verdadeira cirurgia na caixa. Cortou, recortou e dobrou até que o tamanho ficasse melhor. Depois de prontinho e, como o preço era por preço, sem que eu pedisse, ela abriu e começou a recortar a caixa ao máximo, para ficar mais barato!

Não comprei nenhum badulaque e nenhuma lembrancinha. Mesmo assim, o peso... Na hora de embarcar, o moço da TAM quis pesar a mochila. Eu até tentei deixar o saco de dormir fora do campo de visão dele, mas não deu certo: pesou tudo e deu 11kg!!!!! Nada que muita simpatia da parte do funcionário e um sorriso meu seguido da carinha do gato do Shrek e um - por favoooor, moço! não resolvesse. Não precisei despachar a mochila.

Vôo cheio de turbulências e demoraram a servir o almoço. Deu fominha.

Uma coisa engraçada e às vezes desconfortável é que, viajando nesses vôos longos sozinha, todo mundo sempre pede para você trocar de lugar.

Foi estranho descer no Brasil para continuar a viagem e pernoitei em Guarulhos. Acabei recusando o convite muito carinhoso do Fred e da Vivi para passar a noite com eles em SP. O deslocamento seria grande, eu tinha que continuar estudando meu roteiro/ preparando coisas da viagem e, no dia seguinte, deveria estar às 07:00 no aeroporto outra vez. Lembrando que cheguei às 18:00. Aproveitei ainda para dar umas telefonadinhas.

O hotel de Guarulhos (Ibis) já está concorrendo à categoria de hospedagem mais cara e com pior comida da minha viagem. Acho que, se houver segundo lugar, não vai chegar nem perto na pontuação.

Hoje de manhã, aeroporto lotado. Aliás, tem me parecido, nos últimos anos, que essas duas palavras só andam juntas. Há sempre filas quilométricas e pessoas mal acomodadas, até dormindo no chão, ocasionalmente. A mochila passou sem ter de pesar na hora de fazer o chek-in! :) Oba!

Algumas coisas, cada vez mais, me causam um certo estranhamento. Uma delas é o desespero do Free Shop. As pessoas se comportam como se estivessem distribuindo comida em época de racionamento. Eu também compro em free shop, não serei hipócrita. Mas viajando assim, sem essa perspectiva, ocorreu-me um distanciamento para ver a situação de outro ângulo. A visão não é bonita. Espero que minha relação com o dinheiro se modifique de maneira permanente. Não sou aficcionada por moda ou tendências, mas meu consumo está muito longe de ser racional. Aliás, outro dia vi na TV Cultura uma propaganda forte sobre isso: um casal impecavelmente vestido, andando com um carrinho de compras e sacolas de grife. Usavam máscaras anti-gases e estavam passeando num lixão.

* para quem não sabe, segunda pele ou second layer é a camada de roupa usada mais embaixo para locais frios. Um dos segredos de vestir no frio é esse: várias camadas, feito cebola mesmo. A segunda pele é leve, pode esquentar bem ou apenas manter a temperatura corporal, dependendo do estilo que você compra e deve te manter seco. Isto é, jogar o suor para fora. Parece muito com roupa de ginástica: aquelas calças e blusas de lycra justinhas e não são tão finas assim. Não são nada transparentes (as as que eu já vi, pelo menos). Por isso, dá para usar sem nada por cima em climas mais amenos. As minhas são pretas. Com as calças são um pouco mais largas, vou matar as saudades das minhas saruel porque ficou um pouco parecido no visual e igual no conforto.

Besos!

Kk

Ps: Helenzita, Cassinha, Dé, Lidi e Marininha, espero que essa experiência juntos, na segunda metade da viagem, seja tão saborosa ou mais que agora! Espero vê-los pessoalmente em breve.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A bagagem

Resolvi viajar apenas com a bagagem de mão. Isto é, uma mochila um pouco maior que essas de ir para aula. Eu precisava muito da liberdade que viajar sem mala dá, além de adorar a idéia desafiadora de tão pouca coisa para 60 dias e temperaturas tão baixas (estará muito frio na Ásia).

Para isso, mais uma vez fui nos conselhos da querida Clarissa e li sobre light backpacking.

Foi necessário algum investimento. Há muitas roupas chamadas tecnológicas, que viabilizam a bagagem leve. Camisas de fio ionizado que garantem uma semana de uso sem lavar e sem cheiro, roupas quentes que não pesam, toalha que não fica molhada, roupas que secam em 30min...

Assim, minha mochila ficou com 9.8kg. Ela vazia pesa 2.0kg. Quase não deu! Eu estou carregando, basicamente:
- uma calça que vira bermuda e seca rápido e duas calças de usar por baixo no frio (segundas peles) que vão ter que servir de calça mesmo.
- 1 camiseta, 3 camisas de manga curta e 2 de manga comprida. Todas dessas que você usa sem passar da validade. E funciona. Eu testei em BH!
- 3 calcinhas e 2 sutiens, já incluindo a roupa do corpo
- uma jaqueta especial de frio, impermeável (a tecnologia chama Gorotex), com uma por dentro que destaca (de Fleece)
- um vestido.
- pijamas.
- 4 pares de meia.
- 1 tênis, uma sapatilha, uma sandália de trekking e Havaianas.
- coisas de higiene pessoal porque a blusa não vence, mas a gente... (lembrando que em bagagem de mão internacional, tudo tem que ser acondicionado em saquinhos tipo Ziploc e não pode ter volume maior que 100mL).
- iCoisas tecnológicas e seus carregadores e cabos (1.5kg)
- um livro de Yoga.
- uma capa de chuva.
- prendedores de cabelo
- saco de dormir para até zero graus (980g)
- farmacinha de urgência: remédio para febre e dor, enjôo, alergia, dor de estômago, prevenção de malária, infecções do trato urinário ou respiratório, pastilhas que deixam a água potável.


Sim, meninas, eu não trouxe maquiagem e, a menos que eu diminua o peso da mochila, vou continuar sem!

Alguns desses itens eu deixei para comprar em Santiago. Assim, quando eu saí de BH, não tinha blusa de frio e nenhuma calça. Aliás, foi por isso que viajei de vestido.

E estou achando que eu trouxe muita coisa. Dá vontade de deixar mais para trás! ;-)

Santiago, Chile, Volta ao mundo, Round trip, viagem


Ola! :-)

Enfim, a viagem começou e começou perfeitamente!

Cheguei otimamente bem e vim no vôo ao lado de um senhor que já viajou meio mundo a trabalho e me deu umas dicas de vestuário, de apps pro iPad essas coisas (vou começar a postar as dicas no final, como rodapé de pagina para a leitura não ficar meio tropeçada, tudo bem?)

A mochila está mega funcionando. Só não ficou muito leve 9.8kg (em relaçao ao volume, ainda cabe muita coisa). Mas acho que, tendo cara de mochila pequena, ninguém frita com o peso.

Para quem não sabe, propus-me viajar os 2 meses apenas com bagagem de mão, o que significa um máximo de 8/9kg (mais ou menos uma mochila de 30L ou metade daquelas mochilonas de camping). Há uma série de questões filosóficas por trás disso e uma delas, como já discutido com uma pessoa muito querida antes, é que tentar ser/ viver de maneira leve é essencial para mim. Entretanto, fui aprendendo que isso dá um certo trabalho.

No caso de viagens, menos bagagem significa menos preocupação, menos peso para carregar e muitos outros ganhos, principalmente para quem vai andar de trem, ficar em albergue e, muitas vezes, fazer checkout cedo e ficar o dia inteiro com a mala sem alças antes de se alojar de novo. O nome disso, de pouca bagagem, é backpacking light.

Comecei saindo do aeroporto num taxi compartilhado oficial do aeroporto, que sai bem em conta e te deixa exatamente no endereço que você quer. Fiz umas compras (Outlet North Face) que eu havia programado porque vou precisar de roupas especiais de frio, principalmente para a Mongólia (menos muitos graus de frio). Umas coisas estavam com preço bom, outras com preço de loja norte americana e umas coisas não tinha. Fiz as compras rapidinho e já andei um tanto aqui. A localização do Hostel Andes é ótima e às 20:00 ainda parecia sol de meio dia no céu. Aliás, sol e temperatura: 35oC na sombra. Neve nem dentro da geladeira.

Nem deu fome direito. Aqui está muito quente e muito seco e dá a sensação de altitude, apesar de ser mais baixo que BH. Com isso, fiquei sem apetite e almocei tarde, uma pizza, que é o que mais tem aqui no centro. Só perde para os cachorros-quentes (sabiam que aqui eles chamam completos?) e tem uns PFs que chamam carne de x (frango, porco, qualquer coisa) pobre. Eu ainda não entendi qual é o do nome "pobre" na comida! Aliás, meu almoço ficou caríssimo. Uma pizza brotinho e uma coca zero por $1160,00 pesos chilenos = uns 3,00 Reais!!
Com nome estranho, desta vez, experimentei só um picolé de Chirimoya Alegre! :)

Tirei umas fotos engraçadas: propaganda de alisamento de cabelo com a "legítima técnica brasileira" e, é claro, passou um táxi tocando Michel Teló no talo. Eu tentei, mas não de tempo de filmar.

No segundo dia, andei a parte turística inteira da cidade a pé. Andei tanto, que cheguei ao Rio de Janeiro*!! Tudo lindo! Estou impressionada como Santiago parece européia. Muito mesmo! A arquitetura parece demais! Outra coisa que me impressionou é que há um banco Santander em TODOS os quarteirões do centro e isso não é no sentido figurado.

Aqui (pelo menos na região que estou, mais central, entre o Cerro Santa Lúcia e a Plaza das Armas) também é muito seguro. Andei sem o menor problema. Inclusive, cheguei quase às 23:00, sozinha, andando uns 6 quarteirões, do teatro.

Dicas da cidade? Lonely Planet e Trip Advisor estão com tudo!

Para mim: o mais fantástico, pela beleza, cor, sentimentos e poesia: La Chascona - casa de Pablo Neruda em Santiago.
A segunda coisa mais fantástica: uma peça de teatro no Museu GAM: Orgia (dramaturgia de Pier Pablo Pasolini, italiano). Fala sobre morte, sexo, moral, família/ dilemas do homem contemporâneo. Quero muito achar o texto no qual foi baseada a peça. Caso consiga, compartilho aqui.

Não está nos guias: uma pequena biblioteca médica aqui na vizinhança. Nada demais, mas estar lá, para mim que sou médica, foi gostoso. Fica na calle Mosqueto, atrás da estação de metrô Bellas Artes.



Dicas de hoje:
-peça de teatro: Orgia
http://www.gam.cl/teatro/orgia2012/
- para os iLovers (aficionados por iPad, iPod e cia ltda)
Há, no site da Lonely Planet, todos os guias em pdf. Você pode comprá-los na íntegra ou só o capítulo que interessar. E são bem em conta! Eles oferecem, ainda, aplicativo de viagem, com mapa e alguns conteúdos do guia. O app não vale a pena. Eles, além de serem de navegação ruim e com menos conteúdo que os guias, são daqueles que "servem para iPad" mas são mesmo de iPhone. Quando você usa no iPad, ele fica com a tela pequenininha.
http://www.lonelyplanet.com/

Junto com o Lonely Planet, recomendo MUITO o Goodreader para iPad. Com ele você pode armazenar os seus pfds (até as fotos) sem aquela chatice de sincronização e, melhor ainda, pode grifar, fazer anotações, organizar pastas e muito mais! Baratinho. Faz backup na Nuvem e oferece a opção de salvar ambos: o arquivo modificado e o original.
http://www.goodiware.com/goodreader.html

Besos!

Vou ficar por aqui, fazendo meu para-casa - continuar o planejamento do viagem - e continuar rindo do karaokê que está rolando no Hostel, com completos (para quem não lembra, cachorro-quente) free! :)

*