quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ai mi Cuba!

Havana, 08 de Fevereiro de 2012

Escrita em dia, mas posts atrasados por problemas internéticos.

Viajar a Cuba é entrar numa máquina do tempo. Começando pelo aeroporto que só vendo mesmo para entender... A coisa mais moderna nele era uma câmerazinha parecida com essas de computador, com a qual se é fotografado na imigração. E o que chama atenção, logo de cara, é a grande força de trabalho feminina: na imigração, as policiais, as vendedoras, todas mulheres. Só não vi nenhuma dirigindo táxi. Elas são altas, bonitas, a maioria com arranjos nos cabelos e saias bem curtas e justas (inclusive os uniformes, curtíssimos, com meias- calças pretas do tipo arrastão). Na casa de câmbio, o dinheiro fica guardado numa caixinha de papelão cortada ao meio.

Os prédios são de um design de mil novecentos e vovó nem era criança, assim como os carros. Todos os muros e outdoors são de propagandas socialistas.

Fiquei hospedada na parte mais turística, Habana Vejia, e, para chegar até lá, passei pela Havana real. Explico: a parte histórica foi considerada, pela ONU, patrimônio da humanidade. Com isso, está toda reformada, colorida, limpa. Parece a Rua das Pedras de Búzios/RJ, sem as boutiques. Sim, com a mesma sofisticação dos restaurantes. Há praças impecáveis e toda uma arquitetura européia de diferentes estilos. Em contigüidade, regiões como Centro Habana e Vedado, parecem Europa pós guerra. Prédios de uma arquitetura linda, mas todos decadentes, sem cor, muito sujos, em decomposição. Um calçamento irregular e, ocasionalmente, uma ou outra portinha por onde se deixam perceber a morada de algum habaneiro (morador de Havana), alguma coisa do governo (escola, secretaria, etc) ou alguma tienda (loja) onde os cubanos podem comprar com a moeda deles (moneda nacional), que é diferente da turística (pesos conversíveis ou CUC). As tiendas são assustadoras: não há quase nada nas prateleiras, nem em quantidade nem em variedade.
Apesar da miséria, pode-se andar tranqüilamente pelas ruas. O maior "perigo" é ouvir assobios ou "bonita". Aliás, isso acontece o tempo todo, com TODAS as mulheres. Mas se você não der bola ou fizer uma cara de que só entende uma língua de outro planeta, os cubanos desistirão de te assediar.

Estou num convento, o Santa Brígida*, que foi recomendação de um blog. A hospedagem foi como ganhar na loteria. Bem mais barata que os hotéis e mais certa que as casas particulares - casa de moradores do governo que tem autorização para alugar quartos (vários blogs falam que você só consegue reserva nelas por telefone e, não raro, quando chega, ninguém nunca ouviu falar de você e não há vagas), o convento fica no coração da parte turística. Engraçado foi que parei no convento errado. O Lonely Planet fala do convento Santa Clara e, quando tomei o táxi no aeroporto, nem pensei! Falei para tocar pra lá. O convento errado fica na parte não maquiada deHavana e, ao chegar, a atendente disse não haver reserva em meu nome. Pensei - até no convento? Pensei que isso era coisa das casas... A minha sorte é que o convento certo ficava perto. Apesar do aspecto das ruas, senti-me segura em ir a pé (como o Lonely Planet disse...). Aliás, estou com um hábito talvez não bom de acreditar em tudo que leio. Minha hospedagem é limpa, novinha, espaçosa, confortável, tem ar, TV, frigobar, tudo! Um verdadeiro luxo. Aproveitei para lavar as roupas no segundo dia... Uma hora isso ia ter que acontecer.

No primeiro dia, deixei-me perambular pelas ruas, deslumbrada com as cores ou com a falta delas, com tudo! No segundo, fiz um walking tour mais planejado pelos lugares que me interessavam mais. Claro que, mesmo já sabendo, fui cercada por um cubano que se dizia professor de música e que ficou querendo me falar sobre pontos turísticos do quarteirão que estávamos. Comecei a rir de mim mesma, internamente, e custei a me desvencilhar dele. É claro que ele pediu dinheiro, ao final. A situação de miséria aqui é impressionante e eu cedi, com o valor sugerido nos blogs/ guias da cidade. Entretanto, meu amigo cubano, esperto, pediu-me uma ajuda 10 vezes maior, "para comprar leite". Acontece quer o valor que ele pediu dá para um jantar com bebida incluída nos restaurantes mais caros aqui ou paga um tour de umas 4 horas a pé com guia oficial! Não são só os brasileiros, os espertos. Talvez seja pela sobrevivência... Não me aborreci (mas também não dei nenhum centavo além do que tinha dado inicialmente).

Andei demais e como continuo dormindo muito irregularmente, estou cansada e vim por volta das 15:00 para o convento. Acho que vou ficar por aqui... Ah, e aproveitei e fiz uma coisa que não é do meu hábito: vi TV. Engraçadíssimo! Há umas coisas do tipo: o preço dos salões de beleza está subindo, então há uma "notícia" no telejornal sobre isso: diz que faltam matérias primas como shampoo, que a culpa é do embargo americano ("um genocídio") e que os cabeleireiros não devem ser gananciosos. Falou-se de barbearias que atendem gratuitamente crianças e idosos e foi dito que isso deveria ser feito por todos, já que o corte de cabelo faz parte da saúde e da higiene. Tem passado muito uma notícia sobre a greve da Bahia. Não sei ao certo o que está acontecendo, mas mostram cenas de protesto, de militares armados e de lojas fechadas por medo de assalto e dizem que o Carnaval está ameaçado!

O que visitei, até agora: Malecon (um calçadão), diversas praças e igrejas, o Museo de Bellas Artes (ótimo para ter uma visão cronológica da situação local, já que é dividido por datas). Sempre fui ignorante em história e política e, pela primeira vez, queria ser diferente, saber mais... Acho que se eu fosse ensinar história a alguém, começaria através de guias turísticos ou coisas sobre viagens... Começaria de trás para frente: mostaria como é hoje para despertar a curiosidade pelo passado. Vi, ainda, o Capitólio, o restaurante Floridita, La Bodeguita del Médio, Hotel Dois Mundos (esses três, do universo de Ernest Heminghway) e almocei no Café Paris ouvindo música ao vivo. Pretendo ir amanhã ao Museu da Poesia, um pequeno vizinho meu. Não tomei - e acho que não vou (não gosto) - daiquiri e rum, pérolas da ilha do Comandante (como é carinhosamente chamado Fidel).
Alguns dizem que não há muito para ver em Havana. Eu acho que a cidade merece, pelo menos, uns 21 dias de visita! E o espanhol que eles falam... simplesmente no intiendo!

Acho que os queridos André Amparo, Solange, Tavinho e Felipe Simil iriam amar conhecer este lugar.

E é isso! Ah, e o esporte querido aqui é o baseball!!!

Beijos socialistas!

Kk

* reservas para o convento podem ser feitas por email, que parece que vai para a cede da ordem (acho que na Itália). O site e o email não são fáceis de achar na internet. Então, aí vai:
http://www.brigidine.org/81/121/Cuba.html

Engraçado é que se você escolher visualizar o site em inglês, o convento de Havana não vai aparecer. Então, visualize em espanhol mas pode mandar o email em inglês mesmo.

Legendas das fotos (o blogger muda a ordem!!!):
. Restaurante Imprensa
. Quem nunca esteve na nesta famosa rua? :-) Eu só não sabia que era cubana...
. Convento Santa Brígida
. Skyline de Havana
. Dispensa comentários

3 comentários:

  1. Gente, pelo amor de Deus! Onde lê-se CEDE, leia-se SSSede!!! Eu não escrevi isso aí com C, não!!!

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  2. bj grande kk. fotos lindas, parece que tou aí junto.

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  3. Já são 1111 visualizações. Seu blog já é um sucesso ! Passo todo dia, já que me sinto viajando junto. Se conseguir, siga a dica do G+ que mandei. Beijos. Fábio

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