terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

México: a segunda impressão

Cidade do México, 07 de fevereiro, 2012


Ainda bem que a primeira impressão só fica para aqueles que não tem a mente aberta ou não são capazes de reconsiderar o seu ponto de vista o que, definitivamente, não é o meu caso.

Quem leu o post anterior, sabe que não consegui dormir. Bom, assim que deu uma hora razoável no relógio, algo tipo umas 07:00 da manhã, levantei e fui dar uma volta no Hostel. Foi super chato porque tive a impressão de que o menor barulho dos meus movimentos estava incomodando as minhas colegas de quarto australianas. Nem troquei de roupa direito, para incomodar menos. Saí de chinelo mesmo e com a blusinha fina que eu estava. Para piorar a noite mal dormida, a internet do Hostel não estava funcionando (motivo pelo qual os posts estarem atrasados, além de eu ter ido a Cuba).

Aproveitei e encarei a praça Zócalo, deserta a essa hora, bem diferente da minha primeira visão, em hora festiva de fim-de-semana. Com a parte mais neurótica do cérebro meio congelada (estava uns 10oC e eu de chinelos e sem agasalho), pude apreciar o lindo lugar, as ruas adjacentes, um pedaço das ruínas do Templo Mayor e a Catedral, inclusive em seu interior. Realmente, a minha localização era privilegiada. Duas coisas tem me impressionado aqui: a religiosidade** dos mexicanos (apaixonados, inclusive, pelo Papa João Paulo II) e a crueldade da colonização, inclusive a ignorância dos colonizadores. Muitas igrejas foram construídas em cima de locais sagrados para os Aztecas que até utilizaram pedras das construções anteriores para isso. Pouco ou nada foi incorporado da grande ciência e tecnologia que havia antes da dominação espanhola.

Eu já estava um pouco mais confortável com a cidade mas, mesmo assim, resolvi deixar para andar de metrô e circular a grandes distâncias depois da visita a Cuba. Acabei me juntando a uma pequena excursão do Hostel para as pirâmides de Tenotihuacan. Não é a forma mais barata mas, não tenho dúvidas, foi a melhor. A turma era bem animada e formada pela guia e motorista mexicanos, eu, um alemão, 3 suecas, 5 argentinas, um casal de israelenses, uma mexicana e um canadense. A viagem de 50km impressiona porque mostra as reais proporções da Cidade do México. A periferia parece não ter fim e lembra muito os aglomerados brasileiros. As pirâmides são lindas e sensação de estar sentada ali, vendo aquilo tudo, o sol, a vida, é indescritível!

Ah! E os quebra-molas se chamam vibradores. :-P

Uma coisa que devemos ter em mente sempre que fazemos essas excursões são as pegadinhas de turistas. Em todo o lugar há! Já passei por isso na Índia, no Perú e, agora, aqui. Funciona assim: o guia, sempre muito simpático, diz que após ou no meio da excursão a gente vai ser levado a uma "fábrica" ou algum lugar onde ponderemos ver a legítima produção de alguma coisa do país. Claro, há a encenação da produção (de seda, de tintura de tecidos, etc.) com uma recepção muito cordial pelo proprietário ou um gerente do estabelecimento. Esses caras, invariavelmente, são poliglotas. Encontrei, até na Índia, loja com gente que fala português. Depois da "apresentação", servem um drink, alcoólico ou não. Nesta do México serviram licor, tequila e mezcal. Tudo "de graça"! A real intenção? Aí você é encaminhado para a grande loja que fica junto. Lá você vai encontrar a maioria das coisas regionais para comprar. Os guias da excursão costumam receber comissão sobre as vendas. Em locais mais perigosos ou de mais difícil comunicação, isso facilita muito a vida do turista que quer comprar. O problema é que os produtos são mais caros do que na rua ou nas lojinhas mesmo e são um pseudo-artesanato - grande parte é industrializada. Fique atento e lembre-se que o gentil proprietário que te recebeu falando português vai usar isso para te vender e compreende o que você fala sobre os preços e sobre os produtos!

Na volta do passeio, pusemos para tocar música de todos os países na van. Cada um escolhia uma música do seu smartphone e a gente punha no rádio. É óbvio que as meninas dos outros países queriam que eu pusesse Michel Teló e ficaram cantando "ai se eu te pego" em português. Também é óbvio que eu não tinha isso no meu celular mas, pelo visto, vou ter que providenciar.

À noite, saí para jantar no delicioso Café de Tacuba, um casarão antigo, animado, com comida deliciosa e boa música.

Foi um dia delicioso e penso que me gusta el México.

Ah, e estou aprendendo a me virar em espanhol...

** as fotos dos cadeadinhos são da Catedral da Praça Zócalo. As pessoas deixam isso na igreja com pedidos ou agradecimentos para San Ramon Nonato.

Pus, ainda, a foto da janela do meu quarto no Hostel do México, que fiquei devendo.

Um comentário:

  1. É isso aí! O mundo "lá de fora" e o "lá de dentro da gente" juntos. Mistura imbatível. Só para dividir com você: também não consegui dormir direito nas primeiras noites da última viagem. Mesmo estando bem instalada e sem calor ou barulho! Acho que foi uma sobrecarga do "hard e software"...mas foi ótimo. Vi lindos começos de dia no Bósforo, visitei lugares que ainda estavam tranquilos (sem as "às vezes" hordas de pessoas), frescos, maravilhosos! Resumindo, aprendi que até o não é tão bom, pode ser bom, se soubermos vê-lo de outra maneira. Dá para entender? Ah, dica sobre acordar mais cedo que a galera do hostel, duas alternativas: já deixar separado na noite anterior a roupa/o que precisa para sair ou já dormir com a roupa...rsss. Beijo e estou por aqui. Feliz por você.

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