sábado, 3 de março de 2012

Kk: Aeroporto Indira Gandhi, 15 de fevereiro de 2012, 05:50 da manhã, cansada, pós noite em claro


Hoje completo 13 dias de viagem e, na sou supersticiosa, mas acho engraçada a coincidência: 13 também foi o dia que "pulei" no calendário por dar a volta ao mundo para oeste.

Era esperado que, em algum lugar, em algum momento desta viagem, eu perguntasse a mim mesma: o que eu estou fazendo aqui? Já de consolo me veio uma outra cena: e em cá, no sofá, de madrugada, também cansada, na compania dos gatos. Não achei ta ruim assim estar cansada na Índia. Veio-me outra cena: eu enroscada em quem gosto, de preguiça... Dissipei logo a idéia antes dos pensamentos se tornarem desesperadores.

Esta volta ao mundo é um caminho e, como todo via, e um meio e não um fim em si mesma. Quem está na estrada, pode estar fugindo de algo, deixando algo para trás e vai para um determinado destino. Hoje, não se se estou correndo de ou para, mas a força motriz foi muito violenta, a ponto de me fazer interromper tudo, vencer a inércia natural da vida e andar tão longe: serão mais de 39.000 milhas voadas - uma volta inteira ao mundo, comigo mesma.

Não acredito em destino mas, tenho achado interessante essas questões aflorarem agora, a caminho do retiro e, principalmente, longe de verdade do meu mundo familiar, do qual eu não estava realmente tão distante até agora por causa da internet.

Comecei a ler há poucos dias o livro que minha querida irmã Fernanda me emprestou: Lu no relacionamento guru-discípulo. Isso a trouxe mais para perto de mim.

Eu nunca imaginei isso: a primeira coisa brasileira da qual senti saudades foi a língua. Tenho ligado para o Brasil, mas não é a mesma coisa. O inglês indiano é mais difícil de entender, a meu ver. Só é compensado mesmo pela cordialidade deles e pela paciência, o que torna a comunicação possível, no final das contas.

O meu dia em Bangkok foi assim: primeiro, custei sair do aeroporto - a fila da imigração era interminável e, quando chegou a minha vez, fui informada que deveria ter passado pel posto médico para checar a vacina de Febre Amarela. Fui e voltei. Depois, foi simples. Segui os sábios conselhos da voz da experiência (leia-se André Amparo) e procurei o quiosque de informações turísticas. Lá mesmo contratei um city tour com motorista, guia em inglês e roteiro a meu gosto. Viajar de mochila e ficar em albergue não significa que eu não possa me dar um luxozinho de vez às vezes, né? Não foi muito em conta, mas mais barato que contratar do Brasil.

Aliás, voltando um pouco no tempo, não disse antes ter sido esse o motivo do meu estresse matinal em Los Angeles: como Bangkok tem fama de periculosidade para os turistas, de todo mund querendo tirar proveito, até de seqüestrou e alguns relatos (mais raros) de violência contra turistas do sexo feminino desacompanhadas, resolvi contratar o pacote a partir de uma operadora de Belo Horizonte. Acontece que, mesmo insistindo muito, não tive resposta a tempo. Tentei, ainda contratar alguma coisa pela internet mas, não consegui. Isto é, eu estava chegando n Thailândia com a cara, a mochila e a coragem (quer dizer, falta dela).

Fui surpreendida por uma metrópole, com vias enormes, com muitos carros caros (no Brasil, pel menos) pra todos os lados. O aeroporto já era admirável pelo porte, variedade e quantidade de lojas e portões, lounges e tudo mais. Fiquei pensando no atraso dos nossos...

Bangkok consegue ser mais sensorial que o México e a Índia juntos. Pareceu-me tão colorida (até os táxis, pink) e os cheiros... Uma volta a pé pelo mercado das flores não tem nada igual. Além disso, a alimentação deles é muito saudável e há, por todos os lados, bancas de frutas para leva ou para serem consumidas na hora.

A minha guia pareceu-me até bem a vontade. Parou para tomar café da manhã, para fazer um lanchinho na feira... Comprou umas bananas e batatas doces fritas, empanadas nessas barraquinhas de rua e acabe experimentando também. Bom... Hum... Só de lembrar deu vontade. Outra coisa simples e deliciosa é o coco verde, mas cozido no fogo e servido resfriado. A água e a fingia ficam com um sabor bem diferente.

Há, aproximadamente, uns 400 templos (mais de 90% da população é budista) e todos são de corados com muito dourado, espelhos e porcelana colorida. Eu não sabia: há um Buda (numa posição, na verdade) para cada dia da semana. Aí você olha em qual dia nasceu e o correspondente será o "seu Buda".

Dia agradável. Almoçamos em m restaurante local do gosto da guia. Local e um pouco fora do roteiro turístico. De "estranha" no lugar, só havia eu. Comida gostosa mas, não dei conta da pimenta. Eu mal sabia: na forma de comer, já estava ensaiando para a Índia. Come-se, predominantemente, com o uso apenas da mão. Quando se usa o garfo, é como acessório para colocar a comida na colher.

Ah, e já ia me esquecendo: houve as já familiares pegadinhas de turistas (aquelas paradas em lojas que você não quer, para comprar coisas super-faturadas). Outra pegadinha, desta vez, específica de Bangkok, é o passeio de barco. A guia me ofereceu e eu, após recusar por algumas horas, acabei mudando de idéia, um passeio de barco: ela o vendeu mostrando fotos de um interessantíssimo mercado flutuante. Acontece que o passeio de barco é só isso: um passeio de barco e, ainda por cima, numa parte feia da cidade. Não há mercado flutuante em Bangkok. O mais próximo fica há uns 100km de distância. Claro, tudo seria prevenido se eu tivesse feito direitinho o para-casa e estudado melhor a cidade antes de ir.

Acabei indo cedo para o aeroporto e aproveitei para tomar um banho sem preço num desses lounges que falei. Ao fim do dia, estava exausta e só não dormi o tempo todo no vôo para a India porque o casal de indianos ao meu lado, querendo ser gentis, acordou-me para as refeições.

Aliás, tenho encontrado pessoas muito gentis nos vôos e elas, de certa forma, acabam cuidando de mim. Outra situação semelhante foi no vôo Los Angeles - Bangkok. Ao meu lado, viajou o Fred. Impossível ser mais gentil e me pareceu extremamente doce, também. Jovem, mas já com filhos crescidos - uma adolescente, inclusive. Quis saber com eu estava me cuidando na viagem e deu bons conselhos. Achei interessante quando perguntei o que ele mais gostava em Los Angeles e o assunto rumou para a distância entre as pessoas naquela cidade e o quão ruim é isso.

Outra coisa que já ia me esquecendo: o serviço de bordo da Thai é imbatível!

Este último post está engraçado e, imagino, até confuso para quem lê. Fui e voltei tanto, dei tantas voltas turísticas e psíquicas que, talvez, o melhor nome seja ziguezague e não volta ao mundo. Escrevi tanto que o indiano sentado à minha frente no saguão do aeroporto não resistiu e perguntou se eu estava estudando para alguma prova!



Dica do dia: sempre vá aos mercados! Excelente oportunidade de ver e experimentar o que realmente se come em cada lugar, e por preços bem bons!
Não faça o passeio de barco de Bangkok pensando que vai ver algum fantástico mercado flutuante!

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